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Nos primeiros anos teve um forte conteúdo político, mas sem se desvincular dos debates arquitetônicos e projetuais propriamente ditos. Aproxima-se de outras publicações do período, como as Metro, Edilizia Moderna e a Casabella-Continuità do período em que foi dirigida por Ernesto Nathan Rogers, entre 1953-65, distanciando-se, portanto, de outras revistas voltadas para um debate mais estritamente teórico e crítico de orientação marxista, como as Quaderni Rossi, Classe Operaia, Contropiano e Angelus Novus. Manteve também uma relação próxima com a revista francesa Architecture Movement Continuité (AMC) através de Alessandro Anselmi, redator da Controspazio entre 1974-81. A edição n. 6 (dez. 1973) foi dedicada a registrar a XV Trienal de Milão, que tinha sido coordenada por Aldo Rossi, com o título "Architettura Razionalle", o que reforça a sua vinculação com o debate neorracionalista.
Foi publicada pela editora Dedalo desde sua fundação até 1985. Depois passou a ser dirigida por Marcello Fabri e publicada pela editora Gangemi, entre 1988 e 2006, ano do último número da revista.
Massimo Scolari, 1973:
"É necessário, portanto, perceber que a Tendenza conseguiu, a essa altura, autoridade e uma presença inquestionável, graças à precisão de suas formas e à clareza de seus princípios. Do livro de Aldo Rossi [‘A arquitetura da cidade' (1966)] às contribuições de Giorgio Grassi e Carlo Aymonino [‘Origini e sviluppo della città moderna' (1971), de Aymonino, e ‘La Città di Padova' (1970), de Aymonino e Rossi] e ao trabalho de difusão realizado desde 1969 por alguns editores de Controspazio (até a dissolução da equipe editorial milanesa, em 1973), a Tendenza conseguiu oferecer uma alternativa real às utopias fáceis, à abstração do discurso ‘revolucionário', à pesquisa geométrica como um fim em si mesmo e, finalmente, confrontando a soberania mais reconhecida do profissionalismo italiano no campo (Gio Ponti, P. L. Nervi)."
SCOLARI, Massimo. The new architecture and the avant-garde. In: HAYS, Michael. Architecture theory since 1968. Nova York; Cambridge; Londres: Columbia Books of Architecture; The MIT Press, 1998. p. 126-145. Trad. livre: Leandro Cruz. Grifos originais. [Publicado originalmente no catálogo da XV Trienal de Milão]
"É bem verdade que as posições de Rossi não seriam conhecidas em detalhes até sair a tradução francesa de L'architettura della città, em 1981. Mas surgiu outra história de amor, ao que consta mais na ordem do amor à primeira vista do que da lenta sedução de Rossi, nas relações que reuniram os conselhos editoriais da Architecture Mouvement Continuité, em Paris, e da Controspazio, que estava no processo de mudança de Milão para Roma. O idílio culminaria na publicação em paralelo de uma edição especial da AMC sobre a Itália e uma edição da Controspazio sobre a cena francesa."
COHEN, Jean-Louis. The italophiles at work. In: HAYS, Michael. Architecture theory since 1968. Nova York; Cambridge; Londres: Columbia Books of Architecture; The MIT Press, 1998. p. 508-519. Trad. livre: Leandro Cruz. Grifos originais. [Publicado originalmente em 1984, no primeiro volume de uma série de livros da École d'Architecture Paris-Villemin]
"Nada poderia estar mais distante do programa populista, pelo menos em sua origem, do que o movimento Neo-racionalista italiano, a chamada Tendenza, que foi, claramente, uma tentativa de impedir que tanto a arquitetura quanto a cidade fossem infestadas pelas forças onipresentes do consumismo megalopolitano."
Essa volta aos ‘limites' da arquitetura começou com a publicação de dois textos singularmente embrionários, L'architettura della città [A arquitetura da cidade] (1966), de Aldo Rossi, e La costruzione logica dell'architettura [A construção lógica da arquitetura] (1967), de Giorgio Grassi. [...]"
"Outros italianos que deram importantes contribuições à Tendenza foram Vittorio Gregotti, cujo livro Il territorio dell'architettura [O território da arquitetura] (1966) exerceu grande influência, e Enzo Bonfanti, que, com Massimo Scolari, editou a revista neo-racionalista Contraspazio [sic] [Contra-espaço] na segunda metade da década de 1960. Finalmente, é preciso conceder crédito a Manfredo Tafuri, cujos textos exerceram uma influência decisiva sobre o movimento, e a Franco Purini e Laura Thermes, cujos projetos teóricos exploravam a extensão potencial da sintaxe neo-racionalista. [...]"
FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Grifos originais.
"[...] Fundada em 1969 por Paolo Portoghesi, na esteira dos protestos estudantis de 1968-1969 nas escolas de arquitetura italianas, a Controspazio (1969-1980) foi dominada por dois jovens arquitetos e teóricos, Ezio Bonfanti e Massimo Scolari, e influenciada por Aldo Rossi. Ao contrário da Casabella de [Alessandro] Mendini, a Controspazio focava na disciplina da arquitetura em si, mas com uma abordagem especificamente política. Seu tema principal foi a reinvenção de uma tradição racionalista em resposta à crise do modernismo. Dentro dessa perspectiva, dedicou edições monográficas para temas como a Bauhaus e o construtivismo russo. Logo cedo tornou-se a revista da Tendenza, dando uma edição inteira, em 1973, para a Triennale que foi organizada por Rossi."
AURELI, Pier Vittorio. The project of autonomy: politics within and against capitalism. Nova York: Buell Center; FORuM Project; Princeton Architectural Press, 2008. Trad. livre: Leandro Cruz. Grifos originais.
"Paolo Portoghesi, chefe do Departamento de Arquitetura do Politécnico de Milão, fundou a Controspazio em 1969, em meio à inquietação política e estudantil e à incerteza disciplinar. Publicada pela Dedalo e financiada por publicidade e assinaturas, Portoghesi assumiu o ponto de vista do mensário como aquele que rejeitava ‘os paradigmas de evasão: a renúncia do engajamento arquitetônico que não encontra saída num posicionamento político preciso do seu trabalho [ou do] refúgio na pesquisa disciplinar distanciada de uma estratégia geral precisa'. A Controspazio, ao contrário, demandava investigações intelectuais e metodológicas de modos alternativos de intervenção na realidade material e cotidiana. A edição inaugural abordou temas como a fenomenologia, a política e a autonomia. [...]"
COLOMINA, Beatriz; BUCKLEY, Craig (Ed.). Clip, stamp, fold: the radical architecture of little magazines, 196X-197X. Barcelona; Nova York: Actar, 2010. Trad. livre: Leandro Cruz. Grifos originais.